segunda-feira, 31 de julho de 2023

COMPLETUDE

 Eu pensando sobre a vida:



Quando a gente pensa no tempo através da história, até temos uma certa  noção de que a vida passa como um piscar de olhos, mas quando nos concentramos na nossa própria vida, na nossa essência, sempre buscamos pelos sonhos sem fim, como se tudo fosse durar para sempre.

Percebo que, na busca por nutrir e realizar estes nossos sonhos, podemos nos tornar um pouco egoístas ou arrogantes.

QUE EU POSSA BUSCAR A REALIZAÇÃO DOS MEUS SONHOS SEM SER EGOÍSTA NEM ARROGANTE E
QUE ALGUMAS PESSOAS QUERIDAS ESTEJAM ALEGREMENTE AO MEU LADO NESTA BUSCA.

Olhamos tudo a partir de nós e este olhar contempla o nosso próximo dia; os nossos próximos planos; o nosso próximo projeto...

Não levamos em conta nossa finitude ou nossa brevidade aqui na terra nem olhamos muito para os que caminham ao nosso lado.

Assim, com olhar sempre no futuro e nos nossos planos, nos apaixonamos e queremos alguém para estar ao nosso lado, nos ajudando a enfrentar nossa  labuta diária. Temos filhos, plantamos flores, desenvolvemos um trabalho ou um um projeto, escrevemos livros, levantamos uma bandeira... mas o certo é que gostamos de companhia para essa nossa caminhada.

Poucas vezes refletimos sobre alguma possibilidade de um fim.
Não nos conformamos com o fim.

Buscamos visualizar  de alguma forma a plenitude ou a eternidade para adaptarmos nosso contexto a algo maior e mais abrangente do que aquilo que nosso olhos conseguem ver.

Imitamos o criador e a natureza e criamos o tempo todo: algum conselho, algum cuidado com o próximo,  alguma arte, algum jardim.

Tudo é misterioso quanto ao futuro, mas nós não consideramos muito este mistério e vamos construindinho nosso mundo como se ele fosse absolutamente previsível. Mas não é!!

Quando parte desta vida alguém bem próximo a nós, a gente percebe com mais clareza que somos passageiros e que  tudo aquilo que fica de alguém que já partiu, tem outro sentido para os que ficam.

Talvez alguém cuide de alguns dos nossos bens quando partirmos, sejam eles bens materiais ou não, mas será com um outro olhar e talvez o façam apenas por amor à  nossa memória ou por alguma utilidade que lhes tenha, mas depois de algum tempo seremos só uma lembrança e, quanto a nossos projetos,  ninguém conseguirá desenvolve-los com a paixão que tivemos.

Então, diante desse cenário, na minha humilde opinião, nos sobra a velha e boa conversa de aproveitar o presente com aqueles que estão mais próximos de nós,  mas acho que não sabemos muito bem como aproveitar o presente e muitas vezes não visualizamos com clareza quem seja nosso próximo. Duas coisas para estudarmos: compreender  o que significa viver no presente e observar quem realmente é nosso próximo.

Neste ponto imagino a vida como um grande quebra cabeças no qual somos apenas uma  peça a qual, de um momento para o outro, deixa de  existir.

Enquanto nós,  como parte do todo, completamos alguma paisagem  com nossa utilidade e beleza,  somos uma peça importante. Mas se não  nos ajustamos à paisagem de alguém, talvez sejamos uma peça descartável ou facilmente substituída.

- "Nossa!! Mas isso parece tão utilitarista, tipo: só tem valor se for útil?".

É quase isso mesmo que estou querendo dizer.
Parece que nos dedicamos a quem se dedica a nós e mantemos este cuidado por causa das trocas e lealdades. 
Então recebemos se também  oferecemos. É troca e  é condicional: dar e receber - receber e dar.

Assim, se não estamos dispostos a completar, talvez nos sintamos isolados e perdidos.

A verdade é que não estamos sozinhos e somos a sequência do sonho do próximo, aquele bem próximo mesmo, que se alegra ou se consola com nosso afeto, com nossa palavra de carinho com nosso gesto de companheirismo.

Não precisa ir longe pra completar... bem pertinho deve ter alguém que se alegrará com um gesto nosso.

Sonhar é bom, mas que em nossos projetos esteja presente a noção da completude a partir da perspectiva do nosso entorno: Do mais próximo mesmo, daquele que está literalmente ao nosso lado durante o nosso dia, na nossa casa, no nosso trabalho... e, daí  para até onde nossa capacidade e condição puder nos levar.