sábado, 12 de maio de 2018

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE MINHA MÃE




Hoje é o dia das mães e eu vou contar algumas coisas sobre minha mãe, não que minha mãe, por si só acesse este tipo de conteúdo da internet (ela vê apenas quando mostramos para ela), mas porque aqueles que me conhecem poderão entender um pouco das minhas raízes e também para registrar esta história tão especial para minha família... para meus irmãos ... 

Estava pensando sobre o que escrever e ao rever algumas fotos, foi aumentando minha gratidão pelas experiências que pude vivenciar como filha. 

Minha mãe é pessoa de pouco estudo. Em termos formais ela nunca frequentou escola, pois segundo o que ela nos conta, sua mãe não permitiu que ela frequentasse. Então ela estudava pelos cadernos do seu irmão, o nosso Tio Cornélio. Ela lê muito bem, escreve e faz operações aritméticas. 

Ela nos conta ainda que aprendeu a ler, lendo a Bíblia, aliás, ler a Bíblia é algo muito peculiar da nossa história familiar. Minha mãe se tornou ágil na leitura e no entendimento. Muito rápida de raciocínio e com excelente memória. Aqui faço um parêntese no tempo para lembrar que há alguns anos atrás ela teve um estado que eu não sei ao certo se foi depressão, mas este estado foi acompanhado de um surto psicótico que nos afetou profundamente. Sempre digo que só meu pai, eu e meu marido João, a Leni e o marido dela, José Elias, sabem a gravidade do que vivemos naquelas 60 horas terríveis. Depois deste surto, minha mãe ficou uns dias com a memória afetada. Ela ia na igreja e não sabia encontrar as referências na Bíblia. Isso foi bem difícil para eu presenciar, pois ela é uma conhecedora profunda da Palavra, mas quando o pastor falava para abrir a Bíblia em algum livro, ela não conseguia encontrar. Felizmente, com a graça de Deus, todo este estado passou. Toda capacidade intelectual dela foi recuperada e hoje ela faz seus estudos devocionais diariamente: lê a Palavra, fecha os olhos e ora por toda família – sei que em suas orações, muita gente é lembrada porque ela me conta sobre isso. 

Mas voltemos aos relatos sobre as fotos: 


As fotos em preto e branco são de 1969 e 1973. Na foto de 1969, eu tinha sete dias de vida. Minha mãe me conta que a foto foi tirada por um professor ou diretor do Colégio Instituto Cristão, quando eles foram na Escola Dominical. O que eu acho legal nesta foto é a elegância do meu pai e também fico imaginando como era a situação de ter duas crianças tão pequenas em casa. Meu irmão Daniel tinha feito um ano em julho e em setembro eu nasci. Acho que não foi muito fácil para meus pais administrar este momento. 

As outras duas fotos em preto e branco (1973), são com meus irmãos Daniel e Leni. A turminha aumentou, a Leni chegou!! 

Nestas fotos tiradas no jardim da nossa casa, o que me chama a atenção é o capricho das nossas roupas. Eu me lembro da cor destas roupas; do sapato que eu usava ... e este vestidinho da menorzinha (Leni) foi feito pela minha tia Ana Almeida. Acho que este vestido ainda existe. 


Já as fotos que mostram as plantações, demonstram um aspecto dos meus pais que também é uma marca: eles sempre cultivaram a terra. Hortas e jardins maravilhosos e os filhos e netos sempre por perto, aprendendo alguma coisa sobre a vida. 


Depois tem a foto dos meus pais atrás de uma lata “primor” cheia de flores: ideia do meu pai esta das flores para enfeitar a foto. 

Na parede tem alguns quadros e uns pacotes de lã para tricô. Meu pai comprava vários pacotes de lã e colocava pendurados na parede para que as pessoas vissem e encomendassem blusas de tricô que a minha mãe fazia. Isso funcionava! Minha mãe ganhava um bom dinheirinho extra com estes tricôs e crochês, além das verduras, mandioca, batata doce, etc. que ela sempre plantava para vender e ajudar na renda familiar. 

Da minha infância, sobre comida, lembro-me dos pães caprichosamente passados no cilindro; dos bolos cucas; dos biscoitos de polvilho e das batatas doces assados no forno à lenha que tinha na casa da vizinha, D. Iolanda, tudo feito com muito amor pela nossa mãe. O pai também sempre cozinhou muito bem. Fazia almoços sensacionais, com muitas saladas sempre. 

Lembro também da minha mãe lavando pilhas enormes de roupas e cantando hinos, entre eles um que ela cantava sempre e que falava assim: “crer e observar, tudo quanto ordenar, o fiel obedece ao que Cristo mandar.” 

Tem ainda uma foto em que minha mãe e minha irmã Leni estão com flores nas mãos. Era muito comum sairmos passear pelas estradas rurais do Colégio Instituto Cristão (local onde nascemos e crescemos). Nestes passeios colhíamos estas flores para nossa mãe. Muitas vezes eu era a fotógrafa, então não saía na foto. 


Por fim, as fotos com os netos: meus pais ensinando a Mariana, o Rafael, o André e a Júlia a fazerem cestas com folhas de palmeira. Depois o Vô Júlio ensinando o André e a Júlia a fazer paçoca de carne de porco no pilão e por último, ensinando a Júlia a plantar feijão. 

Sei que meus pais procuraram sempre nos cuidar com muito amor e é assim até hoje. Todos os domingos eles preparam um almoço e recebem a família, Meu pai está prestes a completar 94 e minha mãe tem 78 anos, mas fazem questão de nos receber com a mesa posta e a refeição preparada por eles mesmos. Isto é muito especial!! 

Hoje em dia minha mãe tem dificuldade de andar por causa de uma fratura na coluna vertebral e tem as mãos muito trêmulas em razão da sua saúde frágil, mas ainda faz crochê. Ela disse que quer deixar para as netas as suas peças de crochê como lembrança. 




A palavra que resume nossa convivência é o amor e o sentimento que invade meu coração neste momento é de profunda gratidão. 

“Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino. 

Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tirar as montanhas do seu lugar, mas, se não tivesse amor, eu não seria nada. 

Poderia dar tudo o que tenho e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado, mas, se eu não tivesse amor, isso não me adiantaria nada. 

Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Quem ama não é grosseiro nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas. 

Quem ama não fica alegre quando alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. Quem ama nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência. 

O amor é eterno. Existem mensagens espirituais, porém elas durarão pouco. Existe o dom de falar em línguas estranhas , mas acabará logo. Existe o conhecimento, mas também terminará. Pois os nossos dons de conhecimento e as nossas mensagens espirituais são imperfeitos. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. 

Agora que sou adulto, parei de agir como criança. O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. 

Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus. 

Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor.” (1 COR. 13)